'Brasil precisa parar de queimar a Amazônia’, diz economista americano Jeffrey Sachs

SÃO PAULO - O Brasil precisa recuperar o protagonismo global na questão climática, trazendo novas ideias para a proteção ambiental, ter um plano estratégico de enfrentamento das mudanças climáticas e parar de queimar a Amazônia. 

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O país estagnou nos avanços sociais — e os anos recentes são os piores — e não há justificativa para que tenha um nível de pobreza tão elevado. Além disso, o enfrentamento da pandemia foi mal conduzido e o país pode ter dado um “tiro no pé”.

As considerações foram feitas pelo economista americano Jeffrey Sachs, que participou nesta quinta-feira, virtualmente, da 14ª edição do Encontro de Líderes da Comunitas, uma organização sem fins lucrativos, apartidária e independente, que promove a integração entre o setor privado e público, além das universidades, para o desenvolvimento de políticas públicas que promovam o desenvolvimento sustentável.

— É preciso ter um plano, uma estratégia ambiental adequada para a conservação da Amazônia. O país precisa voltar a ter grandes ideias de proteção ambiental, com a riqueza da bioeconomia que tem na Amazônia, em lugar de promover a destruição da floresta tropical — defendeu.

Eólica e solar

Sachs, que é professor e diretor do Centro Para Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Columbia, nos EUA, e consultor da ONU, é um defensor global das iniciativas pela sustentabilidade social e pela redução da pobreza. 

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— O país estagnou no avanço social e os anos recentes são os piores. Não há justificativa para que um país com o grau de conhecimento como o Brasil, com acesso à tecnologia e nível elevado de conectividade à internet, tenha os níveis atuais de pobreza — disse Sachs. 

Sem citar o presidente Jair Bolsonaro, ele afirmou que por aqui o processo de enfrentamento da Covid-19 foi mal conduzido, assim como nos EUA com o presidente Donald Trump.

O economista defendeu que o Brasil estabeleça como objetivo eliminar a pobreza até 2030, fazendo investimentos em educação, saúde e infraestrutura.

Sachs disse que o setor privado pode contribuir com soluções para que as metas de redução de emissões de carbono sejam atingidas até 2050. A chegada de carros elétricos, o uso do hidrogênio verde como combustível são alguns caminhos

Amazônia e o crônico mal das queimadas

Membro da brigada de incêndio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) tenta controlar um incêndio em uma área da floresta amazônica, em Apuí, no Amazonas Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS

Moradores e bombeiros no noroeste do Brasil estão lutando contra os incêndios que assolam a Amazônia, destruindo terras agrícolas e ameaçando suas casas, em Porto Velho Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS

Rosalino de Oliveira joga água tentando proteger sua casa enquanto o fogo se aproxima em uma área da floresta amazônica, perto de Porto Velho, Rondônia Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS

Membro da brigada de incêndio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) tenta controlar um incêndio em uma área da selva amazônica em Apuí, Estado do Amazonas Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS

Membro da brigada de incêndio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) tenta controlar um incêndio em uma área da floresta amazônica, em Apuí, no Amazonas Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS

Imagem aérea mostra fronteira entre a selva amazônica a área degradada por queimadas a mando de madeireiros e fazendeiros, em Apuí, no Amazonas Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS

Membro da brigada de incêndio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) tenta controlar um incêndio em uma área da floresta amazônica, em Apuí, no Amazonas Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS

Membro da brigada de incêndio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) tenta controlar um incêndio em uma área da floresta amazônica em Apuí, no Amazonas Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS

Um tamanduá morto é visto em um tronco queimado em uma área da selva amazônica, perto de Apuí, no Amazonas Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS

Membro da brigada de incêndio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) tenta controlar um incêndio em uma área da floresta amazônica em Apuí, no Amazonas Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS

Membro da brigada de incêndio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) tenta controlar um incêndio, em uma área da floresta amazônica, em Apuí, no Amazonas Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS

Membro da brigada de incêndio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) encontra tamanduá morto enquanto tentava controlar focos de incêndios, em uma área da selva amazônica perto de Apuí, no Amazonas Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS

Uma das técnicas de combate às chamas é o aceiro, retirada de faixa de vegetação, por meio da queimada controlada ou manualmente. Quando o incêndio florestal encontra a faixa já degradada perde força pela falta de combustível para se alastrar Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS

Voluntário acende uma fogueira para criar um aceiro para impedir o progresso de um incêndio iniciado por agricultores que limpam uma área da selva amazônica, em Apuí, no Amazonas Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS

Membro da brigada de incêndio do Ibama bebe água, durante a dura missão de tentar controlar um incêndio em uma área da floresta amazônica perto de Apuí no Amazonas Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS

Fumaça sobe de um incêndio ilegal na reserva da floresta amazônica, ao norte de Sinop, no Mato Grosso Foto: CARL DE SOUZA / AFP

Fumaça sobe de um incêndio ilegal na reserva da floresta amazônica, ao norte de Sinop, no Mato Grosso Foto: CARL DE SOUZA / AFP

Membros da brigada de incêndio e soldados do Exército do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) tentam controlar pontos quentes em uma área da selva amazônica perto de Apuí, no Amazonas, Brasil Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS

Membros da brigada de incêndio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) tentam controlar pontos quentes em uma área da selva amazônica perto de Apuí, Estado do Amazonas, Brasil em 10 de agosto de 2020. Foto tirada em 10 de agosto de 2020. REUTERS / Ueslei Marcelino Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS

As empresas também podem ajudar a restaurar milhões de hectares que foram desmatados, além de formar uma cadeia de suprimentos sustentável.

— A Amazônia corre o risco de se tornar uma savana. Com a bioeconomia existente nessa região, o Brasil pode se dar bem, mas o governo não está nesse caminho — afirmou.

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O economista defendeu que o Brasil acelere investimentos em energias renováveis, como eólica e solar, e acelere iniciativas para reduzir as emissões de gás carbônico.

— Não invistam em petróleo e gás. Essa fontes de energia vão chegar a zero. Vamos ter ajustes de impostos sobre esses combustíveis e eles vão perder espaço nos mercados internacionais — defendeu.

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